Como produtor espertalhão e gênio dos filmes B tiraram o Quarteto Fantástico da Marvel por anos – Prisma




Os nerdolas ficaram em polvorosa na semana passada com a informação divulgada pelo Deadline de que a atriz Julia Garner foi contratada para interpretar a personagem Shalla-Bal no novo filme do Quarteto Fantástico. A reclamação dessa turminha é que uma mulher como Surfista Prateada estragaria o filme. O meu colega Odair Braz Jr. já dissecou muito bem aqui no R7 a bobagem que esse povo está espumando nas redes sociais.





Mas a história me lembrou algo que, de fato, deixou os fãs do Quarteto revoltados. O filme dos heróis da Marvel gravado nos anos 90 que não foi lançado nos cinemas. E que sobreviveu graças a algumas cópias vazadas. A treta por trás do filme que afundou é excelente e envolve um gênio do cinema B e um produtor espertalhão.


A história começa ainda nos anos 80, quando o produtor alemão Bernd Eichinger conseguiu, após um encontro com Stan Lee, os direitos de produção de um filme do Quarteto Fantástico. Na época o cinema de herói estava em baixa e a Marvel nem tinha o próprio estúdio. Os personagens da editora estavam espalhados principalmente em séries e filmes de TV.


A empresa de Eichinger, a pequena Constantin Films, logo viu que não conseguiria fazer o filme do Quarteto. Com isso o projeto foi sendo adiado. Mas, pelo contrato, a Marvel retomaria os direitos dos personagens no final de 1992 caso um filme não fosse produzido. Então, Eichinger apelou para Roger Corman, o mestre do horror de baixo orçamento, para tirar um projeto do papel em pouco tempo e com pouquíssimo dinheiro.





Com um orçamento de apenas US$ 1 milhão e Corman como produtor, o filme começou a ser feito no finalzinho de 1992. Oley Sassone, que tinha no currículo pérolas como Punhos Sangrentos 3, foi escolhido para dirigir o longa. No elenco, ninguém muito conhecido foi chamado para dar vida aos personagens.


A trama traz o básico da história de origem do Quarteto e o embate com o arquivilão Doutor Destino. E a falta de dinheiro pode ser vista em tela. Tudo é, de fato, muito ruim: história, atuações, figurino, nada se salva. Os efeitos especiais de centavos e a caracterização do Coisa são os destaques (negativos).


As gravações foram encerradas em menos de um mês. O filme ficou pronto e um material de divulgação chegou a ser produzido. O lançamento, entretanto, foi adiado seguidas vezes, até ser definitivamente cancelado no começo de 1994.


Eichinger ordenou a destruição dos negativos das filmagens, mas uma cópia acabou escapando e virou objeto cult. Com a popularização do YouTube e semelhantes nos anos 2000, o filme finalmente pode ser visto por um público maior.


Stan Lee afirmou que Eichinger e Corman nunca quiseram lançar o Quarteto Fantástico, e que as filmagens foram só um subterfúgio para manter os direitos dos personagens. Os produtores, é claro, negaram a informação.


Proposital ou não, a tática deu certo. A Constantin Films manteve os direitos dos personagens e os repassou para a 20th Century Fox. O estúdio, então, fez a partir de 2005 dois filmes do Quarteto e um reboot dos personagens até ser adquirido pela Disney. Assim, finalmente a Marvel conseguiu ter de volta a sua principal família de heróis.


Quem quiser arriscar, aqui tem o filme na íntegra (em inglês):




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